De um total de 200 companhias, apenas 5% revelam contratar executivo independente.
LUCIA REBOUÇAS – SÃO PAULO

Não há mais quem duvide da importância da governança corporativa para reduzir o custo de captação de recursos, aumentar seu valor de mercado e a lucratividade das companhias. Adotar práticas de governança, porém, não tem sido tão simples quanto aceitar a teoria. É o que mostra pesquisa inédita elaborada pela Prosperare, empresa de capital 100% nacional, que presta consultoria a empresas de controle familiar, tanto limitadas quanto de capital aberto.

A pesquisa ouviu 200 companhias de controle familiar — entre elas figuras jurídicas conhecidas como Bardella, Grupo Gerdau, Grupo Guararapes, João Fortes Engenharia, Mendes Júnior, Karsten, Marisol e Fertilizantes Heringer (em processo de abertura de capital) — e revelou uma dificuldade na adoção de práticas fundamentais da governança: a contratação de profissionais de mercado para os principais cargos executivos e de membros independentes para seu conselho de administração.

De acordo com o estudo, que foi elaborado em parceria com o instituto de pesquisa Data UFF, ligado à Universidade Federal Fluminense, apenas 5% das companhias do universo pesquisado possuem um CEO (principal executivo) que não seja membro da família controladora e só 18% contam com conselheiros externos independentes.

Embora aparentemente simples, esse mandamento de governança esbarra em questões até de natureza afetiva que tornam difícil, senão impossível, o relacionamento da família controladora com uma pessoa de fora. É o caso, por exemplo, quando a empresa contrata um CEO externo que decida fechar uma fábrica antiga não mais lucrativa para a companhia. Sua decisão pode ser simplesmente frustrada por um dos patriarcas para quem a fábrica foi o embrião da companhia e, para ele, tem uma importância inquestionável.

Assistir a histórias desse tipo tem sido comum para o presidente da Prosperare, Alexis Novellino — especialista em gestão e comportamento de pessoas, formado em desenvolvimento organizacional pela Universidade de Michigan, EUA, onde também atuou como consultor pela Bain & Company por dois anos. Novellino também tem em seu currículo a atuação como analista de investimentos no banco Bozzano Simonsen e no Opportunity.

CONSELHO DE FAMÍLIA

O consultor tem uma receita para que a contratação de executivos fora da família e de conselheiros independentes seja bem-sucedida: a criação de um conselho de família.

“Ele funciona como um canal onde a família possa expressar suas angústias sem afetar o bom funcionamento da companhia. Sem ele, o CEO pode virar um alvo fácil de qualquer familiar insatisfeito com algum aspecto da nova gestão”, acrescenta.

Entre as dez empresas (5% da mostra) que contratam CEO externo, a pesquisa mostra que 72% delas se prepararam para recebê-lo, constituindo primeiro um conselho de administração, para o qual foram convidadas pessoas independentes.

“Um conselho de administração bem organizado e com a presença de membros externos independentes melhora a qualidade do debate e facilita o trabalho do CEO não-familiar”, afirma o consultor.

Com mais de dez anos de experiência no segmento, os profissionais da Prosperare têm diferencial: realizar um trabalho objetivo, de fácil entendimento e integrado, envolvendo comportamento organizacional, relacionamento familiar e gestão do negócio, conta o presidente da consultoria.

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